Queria sair de casa, estava farta das quatro paredes brancas que me rodeavam e sentia-me confusa cada vez que as tentava colorir. Não conseguia deixar de pensar na revolução que nascia, entretanto, lá fora. Quis ver, ouvir, levantar os braços, sentir. Quis fazer parte dela. Mas não fui capaz. Não consegui abandonar aquele tecto, deixar aquele chão. Era como se os meus dedos estivessem colados aos móveis e a minha mente prisioneira do passado. Sentei-me, ou melhor, deixei-me escorregar. Agora era só uma rapariga sentada no chão, encostada à parede, por baixo de um tecto.